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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Sonhos de infância

Hoje venho falar de sonhos de infância.
Quando era miuda costumava dizer que queria ser bailarina, ou princesa, ou professora, ou mãe. Fui crescendo e surpreendentemente não mudei os meus sonhos.
Sou bailarina. Não profissional, claro, nem as minhas avantajadas coxas mo permitiriam, mas tenho o coração de uma bailarina. Dancei afincadamente até ter ficado de cama na gravidez da M. Agora voltei a dar um arzinho da minha graça, mas apenas por brincadeira.
Sou princesa. Ok, não tanto quanto gostaria, mas pelo menos há quem me trate como tal. Recentemente percebi que fui promovida a Rainha, mas acho que ser princesa tinha bastante mais vantagens...
Sou professora. Este é talvez o sonho que mais mudou ao longo do meu crescimento. Afinal, depois de querer ser professora quis ser muitas outras coisas (ainda hoje o quero). Ainda hoje sonho com muitas profissões e com muito desafios, que acredito que ainda estejam à minha espera. No entanto, e sem nada fazer nesse sentido, acabei por abraçar de certa forma o ensino. Mais no sentido da arte de aprender, ensinar e ser ensinado. Me gusta!
Sou mãe. Sim, este sempre foi um sonho muito muito forte! "Eu quero crescer e ter um bom emprego para um dia ser mãe". As minhas brincadeiras rolavam invariavelmente à volta de uma familia com imensos filhos. E aqui me prendo.

Tenho pensado (quase secretamente) nisto: ser mãe de imensos filhos... Quando casei disse que gostava de ter 3 filhos. O meu marido dizia 5. Eu ria-me! Hoje não me rio. Penso!
Depois de ter a M disse que não queria ter mais filhos (a experiência foi traumática), mas Deus tratou de colocar nas nossas vidas a princesa C. Mas maior ainda, tratou de me dar uma lição, uma lição que guardo no meu coração. Amo as minhas filhas. Não sou muito boa a expressar os meus sentimentos por palavras, mas elas são a minha vida, o meu sonho realizado, o que sempre sonhei. Mas... sinto que me falta alguma coisa. Não sei bem explicar, mas sinto que a familia ainda não está completa!
A pensar no assunto sinto uma borboleta na barriga, como se estivesse apaixonada. É muito desgastante, muito cansativo, muito tudo e mais alguma coisa. Tanto que eu me queixei... E no entanto, agora olho e gostava de fazer tudo outra vez. Não tenho saudades, tenho vontade de repetir.
E com isto sinto uma enorme tristeza. Não tenho condições para o fazer! Não posso! Quero e não posso!
Dizem-me que quem tem muitos filhos são as familias muito ricas ou as muito pobres. Eu acrescentaria também as muito loucas! Mas a verdade é que não sou muito rica, nem muito pobre, nem demasiado louca. Até me considero bastante sensata! E por isso faço contas....
Precisaria de ter outro carro. E não apenas outro carro, porque isso já preciso na mesma. Teria que ser um carro grande, daqueles que custam muito a pagar...
Precisaria de ter outra casa. E não apenas outra casa, porque isso já preciso na mesma. Teria que ser uma casa grande, com espaço para toda a gente. E já agora, sem problemas de humidades ou infriltrações, com garagem, com terraço (a minha mais recente exigência/paixão), com arrumos e num local de Lisboa que me seja aprazível (de preferência perto da zona actual, que ainda para mais me permite ir a pé para o trabalho). Mas infelizmente, com as restrições que coloco à partida, nomeadamente (ou principalmente) o preço, não encontro nem uma assim!
Precisaria de pagar mais despesas de educação. E não apenas despesas de educação, porque isso depende muito das nossas escolhas. Teria que pagar mais mensalidades de colégios. Ainda por cima o colégio das meninas mudou as regras dos irmãos e os descontos agora são quase insignificantes!
Precisaria de pagar mais despesas de saúde. Esta é quase igual à anterior. Mesmo assumindo que seriam todos mega saudáveis, existem minímos, e vacinas...
Precisaria de pagar mais despesas de supermercado. Ainda para mais agora que percebi que o empadão afinal não dá para três dias, e que a sopa acaba de um dia para o outro. Somos 4, com mais, provavelmente teria que me abastecer na Makro!

No fundo precisaria de ganhar mais, bastante mais. Mas também teria que ter mais apoios, não só ao nível governamental, mas também empresarial e até da sociedade. Talvez devesse viver num país que defende e promove a natalidade. Por aqui o incentivo é mesmo ter um, o segundo no limite. A partir daí já olham de lado a achar que o melhor é mudar de passeio porque ainda se pode pegar.
Eu olho para as familias grandes e para os filhos em escadinha com carinho, com respeito por aquelas famílias, com alguma inveja de não saber o segredo. Talvez um dia mo possam dizer, para eu continuar a realizar o meu sonho...

2 comentários:

  1. O segredo é dinheiro e governantes - coisa que eu acho horripilante pois para mim, acabam por não saber desfrutar dos filhos que têm e por outro, de criarem filhos carentes de afectos mas não de bens materiais. (Estou a ser preconceituosa na generalização e eu sempre digo que detesto generalizações... mas também é incontestável, nalgumas situações que se me deparam no colégio... mães com bem mais tempo do que eu tenho, mas ainda assim, vai o motorista sistematicamente pôr e buscar os filhos ao colégio, para além das governantas / empregadas de casa....

    Voltando a ti... tens a teu favor a idade e o poderes esperar, nem que seja para pensar de quais serão verdadeiramente as prioridades... as histórias dos colégios privados levam-nos dinheiro a rodos e eu que a partir do ciclo sempre andei na escola pública, onde não poderia ter melhor média antes de saltar para a faculdade, fico verdadeiramente a questionar-me quando me dizem, como ontem, que o handicap da primária é o inglês, e que chegam ao final da 4º classe sem saberem dizer "fui ao museu" (mas conhecem todas as palavrinhas relacionadas com o dito!!)... é que de facto, o inglês está entre as línguas mais complicadas de aprender!!!!!!!?!!!
    .......
    Mudando de assunto... e eu a pensar que, com este título, o post era sobre o belo espectáculo..... não vi a data e ... enganaste-me!

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  2. O post do espectáculo há de vir :)
    Essa das mães que assistem (pouco) também dá pano para mangas. E as escolas públicas nem sempre são solução, não pelo Inglês, porque aí haveriam soluções, mas pelos horários...

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