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quinta-feira, 26 de março de 2015

E o prémio poupança vai para... Avó!

Hoje lembrei-me deste tópico quando pensava no que iria ser o jantar. O título 2 fazem 4 não me saía da cabeça. Mas para perceberem melhor tenho que falar dos meus antepassados, quero dizer das minhas avózinhas!
Então, tenho duas avós opostas no que toca a estas coisas do dinheiro: a citadina é uma gastadora. Nunca consegue juntar dinheiro, nunca! Gasta o que tem e o que não tem. Parece que enquanto a conta não tende para zeros (e às vezes para negativos...) não descansa. Tudo o que já comprou na vida foi a crédito. Depois tenho a avó poupada miserabilista. Nunca ganhou muito, mas mesmo o pouco que ganha tem que sobrar. Vive como pobre, chora que nunca tem e vai amealhando cada cêntimo que poupa. Como diz o ditado: grão a grão enche a galinha o papo. E neste caso é mesmo assim! É sempre a que tem um dinheiro extra para ajudar em alturas de aperto, mas se for preciso só come metade do prato e da maçã ao almoço para poupar no jantar. O dinheiro vai sendo poupado para a velhice, e embora aos olhos de todos essa altura poderá já ter chegado, de facto para a dona, a velhice ainda há-de vir. Recordo momentos desde sempre em que esta senhora consegue transformar duas postas de bacalhau num almoço para 7! E por incrível que pareça ainda sobra... Portanto, chegamos à mesa e reclamamos que a comida não chega para tanta gente. Ela ofendida diz que chega bem. Cada um retira uma parte, considerando que aquele alimento vai ter que chegar para colocar um pouco em cada prato. Para enganar a fome vamos bebendo sumo e comendo pão. No fim, e porque toda a gente foi altruísta para deixar para o próximo, sobra sempre o bocado do envergonhado. Os nossos estômagos cheios de sumo, pão, conversa e eventualmente um pouco de bacalhau, deixam de ter interesse naquele bocado adicional de alimento. Comentário final: "Vêem como até sobrou!? Para a próxima faço menos!". E acreditem ou não, aquela colher que sobrou vai ser o jantar de alguém... Assim se poupa!
Eu confesso que tenho um pouco das duas. O meu consumismo (embora que controlado) vem garantidamente da avó citadina. A minha ânsia de poupar vem da outra avó. Nunca me achei miserabilista, mas lembro-me de ser gaiata e comprar um gelado mais pequeno para "poupar" o € das férias. E depois demorar séculos a comer o gelado para terminar depois da minha irmã que tinha comprado um gelado do dobro do tamanho! Sonhava um dia ter fundos ilimitados! Ainda sonho, aliás, mas como muito raramente jogo no Euromilhões dificilmente o sonho se torna realidade.

Hoje lembrei-me disto porque ontem fiz pescada cozida para o jantar. Cozi 4 postas. As babies comeram pouco mais de metade de uma e o marido comeu outra. Chega o momento da decisão: se eu comer a outra, vai sobrar apenas uma posta e dificilmente conseguirei fazer alguma coisa com ela... Com duas talvez já dê. Para além disso eu não me ando a queixar das gordurinhas a mais? Ok, então está decidido: como o resto delas, deixo as outras duas postas e antes de dormir como umas bolachas de chocolate e um leite com chocolate. Não deixo de sorrir por ter passado a vida a gozar com a minha avozinha e agora tomar decisões como esta. Talvez um dia consiga com estas duas postas de pescada alimentar 7 marmanjos!

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