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terça-feira, 25 de julho de 2017

Vamos a contas: 6 anos

Ora, 6 anos, 3 filhos, 1 doutoramento (de cada), 3 casas, (quase) 3 carros, o mesmo gato, montes de cabelos brancos e rugas acabadas de chegar... muita gritaria, discussões, vontade de arrancar olhos e socar estômagos.
Mas também há coisas boas! 6 anos de muitos sorrisos, muitas gargalhadas, muitos beijinhos e muito amor!
Uma coisa é certa: ao longo destes anos houve muito muito jogo de cintura! E foi assim que ontem, exactamente no dia em que comemorámos os nossos 6 anos de casados, nos pusemos à prova mais uma vez!
Todos os anos tentamos fazer um programa em família inesquecível! Este ano, pela contenção de despesas, por andarmos a roçar a ilegalidade de assentos infantis dentro do carro e pela presença do Sr júnior, decidimos fazer um programa mais light: iniciar a praia em familia 2017, almoçar fora em qualquer sítio eficiente, e próprio a crianças em transe (sem ser McDonalds), andar de carro o tempo suficiente para dormirem qualquer coisa, voltar para Lx antes do resto do mundo e eventualmente terminar com um programinha cultural ou lanche. Perfeito! 👌
 Só que não... não fossemos nós a família que somos 🙄 Então foi assim:
Depois de uma maratona heróica que nos permitiu sair de casa cerca de 2h30 depois de termos acordado, rumámos ao sol da Costa com uma enorme esperança de não ficarmos parados nas filas loucas ou de termos que deixar o carro a kms do passadiço. Estranhamente nenhuma das duas coisas aconteceu e cheguei a pensar por momentos que os astros se tinham alinhado para que tudo corresse bem. Todo o carro respirava harmonia ao som das músicas infantis mais pedidas.
Estávamos tão zen que nem esmorecemos quando chegámos à praia e percebemos que dificilmente conseguiríamos manter as toalhas intactas no chão. Fingimos nem ligar à temperatura da água que nos congelava o cérebro ao molharmos os pés, nem tão pouco aos kilos de areia que tentávamos não comer tal aventania que se fazia sentir. Talvez o primeiro momento em que senti tremores no sobrolho foi quando, apesar dos meus esforços para manter o Manel intacto, vi alguém (uma delas mas ninguém se acusou) despejar um balde de areia mesmo na direção do bebé. Posso dizer-vos que ainda ando a encontrar areias nas orelhas do desgraçado...
Esforçando o sorriso "família alegre" mantivemo-nos até que as pás deixaram de ser divertidas. Nessa altura pusemos fim àquele momento e rumámos ao próximo passo: comer. Não tínhamos pensado em nada, mas com medo que nos desse a fraqueza que nos empurraria para o Mac de Corroios decidi que tentaríamos qualquer restaurante no centro da Costa (até porque demorar mais poderia pôr em causa as condições de exequibilidade). Foi este o momento em que os astros foram também almoçar... Com receio de não encontrarmos lugar em lado nenhum, estacionámos no primeiro sítio que encontrámos. Rapidamente ficámos a saber que este distava cerca de km e meio do restaurante... Não esmorecemos mas chegámos rotos, já com alguns tiques nervosos, mas ainda de sorriso nos lábios: íamos almoçar num restaurante normal! Só que entre a agitação inicial da chegada, dos xixis e da escolha do menu, a pressão fez com que optámos provavelmente por uma das piores opções: arroz de marisco (à seria!). Não vos vou maçar aos pormenores, mas hoje sabemos que pernas de santolas, martelos, lagosta, e afins, juntamente com 3! crianças em hora de sesta dá uma indigestão do caraças. Já os senhores do restaurante agradeceram o chão limpinho limpinho pelas roupas das nossas filhas. Ok! Assim que conseguimos zarpámos dali para fora rapidinho antes que se iniciasse a 5ª birra da tarde intitulada "eu não quero ir para o carro" (antes houve a "eu não quero ir fazer xixi", "eu quero mais sumo", "eu quero sobremesa", "eu não quero estar mais na mesa"). Mas... ainda faltava o tal km e meio (lembram-se?), então pusemos os putos às costas (bendito babywearing) e toca a bufar até ao carro... O resto foi rápido! De bofos de fora, enfiámos toda a malta nas cadeiras (ignorando protestos...) e iniciámos a 3ª parte do plano: andar sem rumo para as crianças dormirem. Ah!!! Que bom... Momento do casal em que não há barulho e metemos a conversa em dia. Só faltou um pequeno pormenor: o Manel não comeu arroz, e com toda a agitação e precipitação não me lembrei que ele pudesse estar prestes a ter fome. Ou seja, fomos agradavelmente presenteados com uma gritaria medonha até conseguirmos sair da auto-estrada e encontrar um lugarzinho para parar o carro e dar de mamar. Mas já foi tarde, tarde demais, porque as restantes habitantes do cubículo foram terrivelmente acordadas do seu sono reparador, 30 minutos depois de o terem iniciado... mau! Muito mau! Foi o início de todo um momento mau... o Manel decidiu que ficaria mal disposto na hora e meia que se seguiu, as meninas decidiram que iriam fazer birras porque tinham fome, ou sono, ou tudo junto, o marido que decidiu voltar para trás no caminho e enfiar-se na (agora) gigante fila da A2 para a ponte, e estava "a barraca montada"... Tivemos que parar N vezes (na berma), ao ponto de chegarmos a ser escoltados pela brisa, que esteve pacientemente à espera que o Manel mamasse pela 183633 vez, enquanto a C chorava pela sua mochila, e a M insistiria que queria irá para a rua (auto-estrada portanto!) para comprarmos alguma coisa para ela comer. Estão a ver os filmes de terror? Pois, foi mais ou menos isso! Tudo me passou pela cabeça... até que rosnei: "não dá para ir de barco???" E não é que dava mesmo?! Em 30 minutos iria sair da Trafaria o ultimo barco que transporta carros para Lisboa. 30 minutos era o que tínhamos! Escusado será dizer que nem pensámos duas vezes. Prego a fundo rumo à Trafaria. Até transpirei... mas quando chegámos: "o barco está atrasado. Só daqui a 1h". Que se lixe! Depois do que já tínhamos passado era mil vezes preferível esperar e fazer um lanche forçado de gelados. Depois foi só inventar macacadas para distrair e entreter as miúdas durante a espera e garantir que não se mandavam borda fora no barco... Mesmo assim, passado o entusiasmo inicial, as birras foram tão grandes que acabámos exilados no carro a discutir uns com os outros.

Sinceramente foi um dia intenso, diria até inesquecívelmente intenso!, e quando os vi na cama, quando ME vi na cama, julguei que era mentira... mas no fundo acho que acabou por figurar bem O casamento em si, e no fim o que interessa é que com mais ou menos moça, tudo acabou bem ❤️

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