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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Acordar com o demo, adormecer com o anjo

Estou oficialmente a antibiotico, após uma ida às urgencia em apneia nasal... A parte (quase) boa é que as meninas desde ontem que voltaram a frequentar o infectário (o que na prática significa que iniciámos a contagem decrescente para que regressem para casa). Timming perfeito porque não estava a ver possível a minha recuperação com tanto vírus à minha volta. A vida voltou a ter momentos de sossego, que não passam por momentos em que elas estão com febre ligeira ou no silêncio do disparate.
Porreiro, vida boa... Só que não! Não, porque há sempre um sacana de um MAS... E esta história não é excepção.
Então, como as maganas estiveram "de quarentena" em casa e verificaram que eu também cá estou, quem é que diz que o regresso à escola tem que ser pacífico, hein? E não é mesmo, não está a ser, particularmente para a M. Desde ontem que as manhãs com a M têm sido entre o psicadélico e o filme de terror. As frases que se conseguem distinguir por entre os gritos ensurdecedores e o choro em desespero são "não quero ir para a escola"... "quero a mãe"... " não (qualquer coisa)", seguido de muitos outros "não (qualquer coisa)...". Ontem 2h desta cantilena, hoje quase 1h em que o pai até perdeu uma reunião importante que tinha.
"Tudo normal" dizem vocês. Pois, a parte do ser normal, de ela ser pequenina, de querer e sentir a falta da mãe, etc etc etc, eu isso já sei. Mas sejamos práticos: eu estou de repouso absoluto, para além de estar doente, logo não é possível que ela fique comigo. Então como conseguir melhorar isto? Eu já falei, já expliquei, já criei objectivos para fazermos quando ela regressar da escola, já abracei, já ralhei, já ameacei, enfim... E nada resultou! Nada! Ela parece entrar num tal descontrolo que nada que possa fazer ou dizer, serve!
Hoje senti-me mesmo diminuída e impotente perante tudo isto. Fiquei cansadíssima, imagino como ela terá ficado, coitada. Então tentei reencontrar-me, como mãe, como pessoa, como educadora. Procurei pedir ajuda: educadora, psicologa, pediatra, marido. Várias cabeças pensam melhor do que uma e sei que estas situações são "comuns", por isso dicas para uns podem também resultar com os outros.
Recebi algumas respostas com dicas e possíveis estratégias, entremeadas com "isso faz tudo parte, mas pronto...". A meio do dia já tinha conseguido relaxar e libertar a mente o suficiente para conseguir pensar. Um banho relaxante foi a cereja no topo do bolo. Tenho que me reconectar com ela. Parece simples...!
Esperei que chegassem da escola. Hoje não havia computador em cima da mesa, ou telemóvel na mão. Arranjei umas contas autocolantes e quando elas chegaram propus que fossemos decorar as coroas de princesa que tínhamos feito 2 dias antes. Pedi ao pai para dar banho a uma de cada vez, de forma a conseguir estar sozinha com cada uma por uns momentos. Brinquei, falei. Toquei no assunto da manhã. Conversei mais. "Mãe, amanhã não vou fazer mais birra". Houve lugar para entendimento e  conexão.
O serão passou-se muito sereno. Para evitar a confusão do "ir para a cama", desliguei mais cedo a televisão, pus música de embalar que gostamos bastante. A música subiu até aos quartos e eu também pouco depois. Ainda consegui lavar-lhes os dentes, e escolher parte da roupa de amanhã da M. Depois disto sinto sempre que é altura de me voltar a deitar. Beijinho de boa noite e nem um grito,  um aí, nada! Pouco depois o único som que se eleva sobre a música que ainda vem do quarto é o ressonar do meu marido...
Tive o serão de maior paz dos últimos tempos, completamente antagônico à manhã que vivi. Sei que não basta para garantir um bom amanhã, mas por hoje sinto que consegui. Talvez isso me dê forças para encontrar estratégias que funcionem amanhã. Talvez seja isso. Mas não sei. Veremos como corre amanhã, depois venho cá contar.

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