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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Viver de 15 em 15 dias

Tenho estado ausente. Neste tempo de azáfama natalícia eu precisei de me fechar.
Na verdade sinto que vivo de 15 em 15 dias. São pequenos ciclos que ditam toda uma nova realidade para cada início.

O que se passou foi que terminou um ciclo, um ciclo bom de esperança e calma, para se iniciar outro, bem diferente do anterior. "As notícias não são as melhores. A sua situação agravou-se bastante nestes últimos 15 dias". Foi o que eu não queria ouvir... O coração palpitou, a cabeça andou a mil: mil perguntas, um medo avassalador. Fui para casa. "Tem 15 dias para subir estes valores, ou vamos ter que tomar outras medidas"
Eu vou, eu faço, eu faço tudo, mas o quê? Espero? Tenho feito tudo o que me mandam, mas pelos vistos não chega, não é suficiente para salvar o meu bebé.
Foram dias de ruptura! Mas de reencontro também. É difícil sentir que não controlamos o nosso corpo, e que ele não está a fazer o que é preciso. Afinal uma mãe deve proteger, cuidar, gerar, amar, e não matar. A palavra é forte mas não vale a pena tentar amenizar. O meu bebé está bem, a crescer e a fazer a sua parte, mas eu não estou a ser capaz de lhe proporcionar um lugar seguro para ele o fazer.
Mas depois da dureza das palavras, da dureza da realidade, vem um sentimento de que é preciso tentar mais e mais! Recuso-me a ficar a assistir!
E foi então que iniciei a segunda parte deste processo: a procura! Passei os dias a vasculhar artigos, estudos, relatórios... Li tudo a que consegui chegar e mesmo o que não consegui, lutei para conseguir.  Fiz telefonemas, e muitas linhas de chat. Afinal parece que há algo por experimentar. E assim os dias passam, e o meu coração ameniza, na convicção de que estou a lutar pelo meu bebé.
Com mais respostas e certezas, contacto o meu OB (Obstetra). Ele nunca fez, mas conhece o que é embora noutros contextos que não o meu. Mas ambos concordamos: vale a pena tentar!

E assim me deito de coração agitado, de pulsação acelerada, com medo, mas muita esperança e convicção de que ao menos continuo a ser mãe e a lutar contra tudo, até eu mesma, para tentar salvar o meu menino.

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