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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Adormecer as filhas ao colo

Arrisco-me a dizer que o sacana do Pai Natal deixou cá, juntamente com as prendas, uma tremenda dose de birra.
Ainda há poucos dias comentava que a M estava numa fase mesmo boa: estava doce, muito menina, com conversas deliciosas e... sem birras! Afinal, a C é que está na "fase das birras". Mas depois dos acontecimentos dos últimos dois dias já não digo mais nada. Estou tão perplexa com o que está a acontecer que temo verdadeiramente que algum dos vizinhos acabe por chamar a protecção de menores num destes momentos de fúria e gritaria. Parecem retirados de qualquer cena violenta que inclui país irresponsáveis, incapazes ou mesmo alcoolizados. Mas só que não. Assistimos a este descontrolo total, tentando todas as nossas ferramentas para as controlar.
E bem ensinadinha pelos livros que tenho lido, tento desesperadamente pensar na causa: será cansaço? Será falta de libertação de energias? Será das frustrações causadas pelas prendas e pelo entre-sai das visitas que tanto incomoda a M? Será do mano novo? Será que é tal auxiliar lá da escola que continuo a achar uma péssima influência para a minha filha? Sinceramente não sei. Provavelmente uma combinação explosiva destas e outras mais, mas por favor, digam-me que isto passa rápido. É que já não bastava a dose com que tenho que lidar, para ainda levar com esta complementar.
Hoje então foi incrível. A M chorava e gritava que não era eu que lhe lavava os dentes, embora estes até já estivessem lavados, e arrastava-se pelo chão a prender-me as pernas. Quando me consegui desenrolar, e a mandei fazer o último xixi, prolongou a gritaria porque nao queria ir, nem deitar, nem vestir, nem coisa nenhuma!
A C que deve ter sentido que estava de alguma forma em desvantagem, apesar de muito fofa e sossegada, decidiu unir os seus melhores dotes para começar a chamar a atenção da pior maneira. E assim estava o caos gerado.
Recolhi aos meus aposentos, deixando o pai com as feras, que me garantiu que era melhor eu ir para não me enervar mais, e que daria conta do recado. Mas após longos minutos de gritaria, achei que teria que voltar a intervir e pedi que me trouxesse uma para ao pé de mim. Não veio uma, mas duas e eu não tive outro remédio senão adormecer as minhas meninas no meu colo deitado, com a promessa de que a primeira que se portasse mal, voltaria à sua cama de origem.
De facto a cama da mãe é mágica, afugenta monstros e bichos, apazigua máguas, e fortalece os corações! E a mãe? Essa, ganha ainda mais poderes em contacto com estes corpinhos pequenos e quentinhos, juntinhos a si, e com estas mãozinhas papudas que pousam na sua cara. Não há amor maior.

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