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segunda-feira, 21 de março de 2016

Téte-a-téte

Hoje tive uma conversa exaltada com o marido. Quero acreditar que ele disse coisas que se vai arrepender de ter dito. Pena ter sido numa semana tão delicada para mim como esta. Também vou contabilizar que andamos a dormir pouco e mal, e que ele ainda conta com uma virose que o pode estar a deixar com alguma falta de senso. Ainda assim gostava de partilhar o que me vai na alma sobre esse assunto.

Tema: férias escolares, mais precisamente as das minhas filhas.
Aproxima-se uma época de família, de união. Nesta quadra, milhares de famílias portuguesas escolhem ficar juntos, tirar uns dias. Há também aqueles que não escolhem, mas que derivado das férias escolares, e sem outra alternativa, acabam por ficar com as crianças. Mas aparentemente nem todas as crianças, em todas as escolas têm "direito" a férias. Há aquelas, que por necessidade (e vou acreditar que é mesmo isto) dos pais, permanecem abertas praticamente o ano todo. E depois também há aquelas crianças, que por ainda não estarem sequer no 1º ciclo, não parecem necessitar de férias, porque no fundo como não trabalham, não precisam de descansar.
Mas o que é isto de férias? É descansar? Fisicamente? Se é, então há muitos muitos anos que não tenho férias (se é que alguma vez tive). Eu pensei que férias fosse mais para descansar a cabeça, ocupar os pensamentos com coisas mais saudáveis, aproveitar para estar e fazer em família, amigos, ou mesmo sozinho. Coisas que em tempo de trabalho/aulas não é possível. Ok, então tendo esta última definição como "correcta", prossigo o post. Assim sendo, parece-me que uma criança pequena também lucra em ter férias. Estar mais tempo em família é, na minha opinião, a coisa mais importante no desenvolvimento das crianças a todos os níveis. E deveria também ser dos adultos que são pais, mas isso já é outro tópico.
Dá trabalho? Sim! Chega a ser mais cansativo do que os dias looogooos de trabalho no emprego? Sem dúvida! Mas sejamos honestos, ninguém nos obriga a ter filhos! Mal comparando, ninguém dos obriga a contrair um empréstimo para comprar casa, mas se o fazemos, temos que pagar a prestação todos os meses, sob pena de ficarmos em maus lençois. A vida é feita de escolhas e acredito que cada escolha veja carregada de responsabilidades, mas pasmem-se, de enormes benefícios e alegrias!
Desde que as meninas nasceram que, pela altura da Páscoa, tento que estejam em casa pelo menos 4/5 dias. Este ano não vai ser possível ficarem em casa na 5ª feira Santa, por isso achei que seria benéfico "compensar" na 2ª seguinte. O que fui eu achar?!?! Que coisa mais disparatada!?!? 2ª feira é dia de trabalho! As pessoas normais trabalham, não andam praí a tirar férias à 2ª feira!! Até porque férias, se quisermos mesmo é em Agosto e nada mais! Foi mais ou menos este o clima...
Que pena! Não me lembro bem da claúsula que diz que só posso ter férias em Agosto. Deve estar ao lado da que diz que não é para trabalhar ao fim de semana, nem a seguir a deitar as meninas. Devia ter estado com mais atenção, porque fiquei com a sensação que poderia tirar um dia de férias dentro do periodo de férias escolares. Shame on me!
Agora sem falsos moralismos! Ofende-me quando a única preocupação passa pela casa onde se almoça no Domingo, ou qual o trajecto que nos permite passar em todas as casas que são precisas. Ou que o grande feito da quadra passe pela renúncia de algo que não comemos, para deixar essa verba na Igreja. Que grande deturpação das coisas! Onde está escrito na Biblía que a renúncia passa pelos alimentos fisicos? Que visão pequena de palavras grandiosas! A principal renúncia é espiritual! E essa, para além de ser bem mais dificil, não tem moedas que paguem! Porque é que seria menos merecedora a renúncia de um dia de trabalho, para ficar em familia? Não seria essa uma renúncia MAIOR!
Mas qual família? Dá-me a sensação que os homens têm (muitas vezes) dificuldade em fazer a mudança de foco familiar (e dar mesmo mesmo foco). Não que pais e irmãos deixem de existir, mas na minha opinião passam para 2º (ou 3º) plano, quando existem filhos pequenos.
E para terminar, porque é que o português continua a pensar que o bom é trabalhar mais e mais? Quanto mais horas melhor! Estar lá horas a fios é que é bom desempenho profissional! Quando é que vamos por a mão na consciência e analisar friamente as consequências desta prática? Olhando à volta, o que é que vemos? Horas a mais, produção a menos! Porque não nos comparamos a outros países em que se trabalham cargas horárias decentes, e em que se produz NxMais? Nós não precisamos de mais estar horas nos trabalhos, precisamos é de ser mais eficientes e produtivos. Se eu trabalho 4h e produzo mais que alguém que está 10h no trabalho, alguma coisa vai mal, muitooo mal...

E com isto me despeço, bem mais levezinha por sinal!


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