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domingo, 13 de agosto de 2017

Hoje fugimos nós

Sabíamos que haviam nas proximidades, mas não se viam. Só o cheiro e o fumo denunciavam a situação que corre todos os noticiários.
Mas com o cair da noite começamos a avistar uma frente nova. De certeza que era algo novo. A cor do horizonte rosácea rapidamente se tornou ardente. "Ainda está longe", dizem uns, "Só se o vento virar"... Não ficámos para ver. A lembrança dos acontecimentos recentes no nosso país fez-nos virar as costas ao fogo e rumar a casa.
Mas olho pelo espelho do carro e depois do medo cai sobre mim uma enorme tristeza. No pensamento só uma pergunta paira: porquê? Mas porquê?
Não entendo, não consigo encontrar razões. Nenhumas! São vidas, humanas, dos nossos animais, das nossas florestas. É o nosso futuro. É o futuro dos nossos filhos que estão a queimar. Aquilo que demorou décadas a crescer... quem é que mata o nosso país assim??
E então dou por mim a olhar, desta vez para os carros de bombeiros que seguem na direção contrária, que vão ao encontro daquilo que evitamos. E fico paralisada. Também eles têm família, filhos, vidas e provavelmente... medo! Mas seguem sem hesitar, apagar, remediar o que outros destroem sem nexo. E sinto-me aterrada! E imensamente grata, pela coragem e grandiosidade destes homens e mulheres que sofrem por todos nós.

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