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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Mi casa

Adeus casa.
Foi bom viver aqui. Criámos um ninho à nossa imagem. És bonita! Adoro a vista desafogada, vejo o Tejo ao fundo, invejo os terraços dos vizinhos. Do outro lado tenho vista privilegiada, vejo as torres da igreja, e as torres das Amoreiras. Vejo o pôr do sol em Monsanto e conto os aviões a passar.
Foi bom viver aqui. Conheci pessoas boas. Fui mimada por todos. Vivi num ambiente bom! Hoje levo-as no coração, posso chamá-los de amigos.
Foi bom viver aqui. Para as meninas esta é a nossa casa. Sempre foi. É a estas paredes que chamam lar. Conhecem os cantos, os cheios, os caminhos. Foi aqui que foram geradas, nascidas, criadas.
Foi bom viver aqui. A dois passos de tudo! Amo a centralidade! Um bairro da moda, que inveja a muita gente. As pessoas chiques, as famílias compridas, a missa das crianças, as lojas de folhos. O andar a pé. Prometi que ia andar a pé, prometi que ia ao parque, aquele emblemático, fiz planos para as escolas, selecionei as melhores.
Mas vou embora. Não sei se vou voltar. Guardo tudo o que gostei no meu coração, na minha memória. Vou tentar esquecer o que não gostei, o que me enerva, o que me irrita, o que me leva embora. E vou tentar abrir o meu coração a uma nova realidade, bem diferente do que estou habituada. E vou tentar apaixonar-me.
A casa muda, a vida continua...

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