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sexta-feira, 1 de abril de 2016

Lidar com a frustração

É recorrente ouvir falar sobre os limites que as crianças devem ter para aprenderem a lidar com a frustração e do mal que faz quando isto não acontece. Pois hoje pus-me a pensar sobre o assunto: Mas será que existe mesmo esta necessidade real de criar limites? Então analisei o que se passa no meu mundo.
Hoje acordei tarde, tive que correr contra o tempo. A primeira contrariedade que tive foi o tempo. Queria tanto vestir aquela camisola fininha... Estou tão farta de mau tempo! Bem, camisolonas depois, fui acabar de me arranjar. Era hora de tratar das meninas, mas o tempo era curto. Levei logo um balde de água fria, porque o seu índice colaborativo estava muito baixo. Não queriam vestir, não queriam a roupa, não decidiam a roupa, lutaram pelos cereais, pelas colheres, pelos sapatos, a C fez coco mesmo antes de sair de casa e com isto consegui sair meia hora atrasada de casa. Fui pô-las à escola, corri para me vir embora. Tinha de fazer um bolo de anos para amanhã, mas onde é que pus a receita?? Bolas, falta-me um ingrediente. Já não tenho tempo! À hora de almoço combinei com um construtor para me fazer um orçamento para a casa nova. E volto de novo a pensar: esta história de mudar de casa tem-me continuamente posto à prova. Serei eu capaz de mudar? De gerir a mudança? Conseguirei construir uma casa de que me orgulhe? E volto a pensar em todas as coisas que poderia fazer se tivesse condições financeiras para tal.
Ainda agora o meu dia começou e já me deparei com um monte de contrariedades, frustrações, dificuldades. Mas não é isto a vida? O tal jogo de cintura para contornar e ultrapassar os obstáculos com que nos deparamos?
Depois pensei nas meninas: a M queria levar a t-shirt nova para a escola. Até foi à janela chamar o sr calor. A C não queria collants, e teimou que queria uma fralda-cueca e uma fralda normal ao mesmo tempo. A C queria ir no pópó mas não se queria sentar na cadeirinha. Pediram pão no carro, mas eu no meio da confusão esqueci-me de levar. Queriam ficar na escola, mas queriam a minha companhia. Bem, parece que também elas já tiveram a sua dose de frustração nesta pequena manhã, e espera-se que assim continue durante o dia. Não estarão elas a aprender a lidar com o assunto naturalmente? Então de que outros limites estamos a falar? Que outros limites devemos impor? Os que são assim, porque sim? Qual o seu benefício?
No fundo acredito que o contexto e a razão lógica dos acontecimentos dita os limites natural, os quais temos que aprender a lidar naturalmente. Então para quê tanta conversa sobre este assunto?

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