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sábado, 30 de janeiro de 2016

TPCs? Não, obrigada!

Bem, eu na escola das miúdas já devo ser considerada a Masha lá do sítio (desenhos da Masha e do Urso). Para quem não está a ver bem o que quero dizer, costumo dizer que qualquer dia me rosnam à entrada. Se houverem 10 comentários/sugestões/queixas naquela escola, 9 são garantidamente minhas! Em minha defesa digo que todas as minhas intervenções são construtivas, porque me importo, e quero saber. Ofereço sugestões de melhoria e disponibilizo-me para debates ou esclarecimentos. E estabelecidas as regras de convivência a vida corre bem com educadoras e auxiliares que directamente trabalham com as minhas filhas.
Mas no outro dia veio um recado para casa, acompanhado de uma folha grande de papel. Dizia que era para os pais explorarem as suas profissões. Enchi-me de inspiração e desenhei um boneco e uma boneca representativos das nossas profissões. A seguir pedi a M para pintar. Fomos buscar canetas, lápis, brilhantes e foi o delírio da M. O resultado final foi um pouco confuso e a clareza do meu desenho ficou um bocado esbatida. Mas o importante ficou: ela divertiu-se e aprendeu as nossas profissões. Levei para a escola e no final do dia quando olhei para o placar de trabalhos apanhei um choque! Afinal estava perante os futuros artistas tal Picasso do nosso país! Crianças tão pequenas com trabalhos tão elaborados e complexos. Rapidamente percebi que afinal aquele placar era uma montra de vaidades! Então vamos lá ver qual o pai/mãe que tem mais jeito para trabalhos manuais? E com maior criatividade?
Sinceramente, qual o ponto disto? O que é que pretendem? Ainda se podia pensar que seria para que os filhos se sentissem orgulhosos dos pais ou dos trabalhos que levam para a escola, mas tal ideia cai por terra quando vemos as próprias das crianças a perguntar às educadoras "Qual é o meu?". Concluo que é uma forma dissimulada de tentar ser o melhor na escola dos filhos. Mas não basta já estes joguinhos nos locais de trabalho? Temos mesmo que tentar extender ou projectar isto nos nossos filhos? A sério???
Resumindo, chamei a educadora e felicitei-a pelo talento do placar. Pedi desculpa pelo aspecto tosco e desorganizado do meu trabalho, que ainda para mais tem riscos fora da linha e excesso visível de purpurinas. Depois em tom mais sério comentei que não me tinha percebido que o trabalho era para eu fazer, sozinha! Sinceramente nem sequer percebia o objectivo didático e pedagogico disso. E por fim rematei que não estou disposta a fazer TPCs para a escola das minhas filhas, eu já andei na escola, já fiz os meus TPCs e neste momento o trabalho que faço é págo! A educadora ficou estupefacta a olhar para mim. Nunca ninguém lhe deve ter dito tal coisa. Mas como não dou ponto sem nó, acrescentei que por sua vez me mantenho disponível para participar na escola no âmbito do projecto escolar das minhas filhas, o que significa que elas deverão sempre ter o papel principal porque afinal é da sua formação que se trata.
Uns dias mais tarde fui abordada pela coordenadora a pedir explicações pelo sucedido. Repeti exactamente o mesmo e recebi felicitações pela minha posição. Fui ainda informada que "talvez" os outros pais não tivessem percebido o que era para fazer. Ou então, aqui entre nós, ia dar muito trabalho e podia não ficar tão bonito...

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