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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Não exijas o que não podes cumprir!

Definitivamente ando com tempo a mais. Tempo (demais) para pensar na vida, tempo (demais) para não fazer nada. Este compasso de espera (profissional) chega a ser desesperante.
Um dos resultados destas minhas reflexões veio exactamente da procura de casas que falei aqui. Os meus critérios de pesquisa são invariavelmente os mesmo: a mesma zona, casa de tamanho igual ou superior, garagem, elevador e preço possível. E invariavelmente o resultado é uma desilusão! Quando  por brincadeira acrescento mais uns "trocos" ao critério de pesquisa percebo que afinal procuro um sonho que não posso pagar.
 O que fazer? Racionalmente só há duas hipóteses: ou diminuo as exigências ou procuro em zonas da cidade (ou fora) que não estejam classificadas como "as mais caras".
Executo nova pesquisa, e outra e outra vez. A cada uma imagino como seria a nossa vida naquele sítio, e no dia seguinte volto a fazer a pesquisa igual a sempre...
Mas que problema tenho eu?? Porque não consigo aceitar a realidade dos factos? Porque não me consigo sentir tentada a experimentar uma casa/vida num lugar novo? Ter uma casa melhor e eventualmente uma vida melhor? Porque não consigo deixar de pensar em tudo de bom que tenho agora, impedindo-me de procurar ter melhor?
Estes pensamentos levaram-me a pensar na minha filha mais velha. Diagnostiquei à M uma grande incapacidade em saber lidar com mudanças na vida dela. É certo que a vejo passar mesmo mal, e a ficar completamente desorganizada face à mais pequena alteração do que lhe é certo e conhecido. Penso e projecto a vida dela no futuro e tento encontrar formas de a ajudar a lidar melhor com esta característica. Cheguei ao ponto de imaginar como iria sofrer se por qualquer razão decidíssemos mudar de país.
E depois olho para mim. Sair do país? Eu nem sequer consigo sair da freguesia... Algo irracional impede-me de arriscar. Como se só fosse possível ser feliz aqui (e mesmo assim...). Tudo o que aspiro não tenho condições para o possuir: uma vivenda no restelo, um apartamento na Estrela com mais de 200m2, uma moradia unifamiliar no Príncipe Real...
Parece que afinal a M tem a quem sair. E isto parece-me relevante, porque da próxima vez que achar que ela está a ter uma reacção ou comportamento menos bom ou desajustado, talvez não fosse mal pensado tentar por-me na posição dela e perceber afinal o que ela está a sentir e ajustar o que exijo dela, já que não o consigo exigir de mim!

2 comentários:

  1. hummm.... Não estarás a etiquetar a M cedo demais? Não é mais que natural nessa idade gostarem de rotinas, coisas certinhas, enfim, justamente porque estas lhe dão a segurança necessária à insegurança de se aperceberem que afinal não são tão centro do mundo quanto isso e dependem de terceiros (os pais)...?

    Segunda parte... sem mal entendidos, espero!... algures houve um post em que "nos" congratulavamos com a simplicidade das coisas... é mais simples fazer disso um princípio. O ser é atengível; o ter, nem tanto. E se nos focarmos num ter a que não chegamos, teremos sempre um amargo de boca!
    Posto isto, na minha casa enfiava-lhe mais um quarto. Impossível. Humm... então comprava uma casa na João do Rio, avenidas novas ou por aí, sempre para cima, dentro do central. Impossível. Pensamento seguinte: bem! Pelo menos sempre tenho uma casa mais fácil de limpar!
    Pensamento simples; básico e felizmente, não muito recorrente... porque há coisas que me fazem sentir melhor.. e a essas, eu consigo chegar. ;)

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  2. Primeira parte do comentário: não estou a etiquetar ninguém. Mas observo, vivo, sem paninhos quentes e aceito: como todas as crianças a M gosta de rotinas, MAS de forma única e individual a M lida mesmo muito mal com todas as alterações. E só vendo, vivendo e convivendo se percebe. É uma criança reservada e insegura. E isso tem mal? Não, acho que não. Ela (e nós) vamos aprendendo a lidar com isso.

    Segunda parte do comentário: o sonho comanda a vida! E claro que desejar o que nunca se poderá ter é um mau princípio, mas não ambicionar também. E se há sonhos que queremos chegar (como aumentar a família, por exemplo) há que operacionalizar a coisa!

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