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sexta-feira, 17 de abril de 2015

1 ano?? Quem?

Quem é que tem 1 ano? A minha filha? Não!? Não pode ser?! Então, mas ela nasceu ontem... ou quase isso...
Ah pois é, a baby C fez no Sábado 1 ano, 1 aninho (ai que dor no estômago!). A minha baby C está a ser tão diferente da baby M. Lembro-me de dizer que não tinha saudades nenhumas da M pequenina. Que cada nova fase me parecia sempre melhor do que a anterior (até ter entrado nos terrible two...). Olhando de forma critica para trás, noto que sempre fui uma mãe muito ansiosa e preocupada da M. Com a C já não sou tanto assim. Pelo menos o tempo que eu tenho é tão menor que já não o faço com a intensidade com que fazia. Isto traz vantagens a todos os níveis, quer para mim, quer para elas. Embora tenha menos tempo, acabo por aproveitar melhor os momentos com elas, as suas brincadeiras, descobertas, etc. Dou por mim a sorrir só por as ver a brincar ou a dormir.
Mas voltando à C, de facto passou mesmo rápido. Tenho alguma pena porque temo não ter aproveitado o suficiente, mas apenas o possível. A vida é assim. Mas olhando com cuidado, ela parece ser uma criança feliz e amada, e isso para mim é o mais importante!

A minha baby C veio mudar a vida de todos nós. E quando digo mudar, não falo do que envolve naturalmente a vinda de um novo bebé. Acho que ela veio mudar algumas perspectivas que tínhamos da vida. E ela veio sem avisar, sem estarmos à espera, sem ser desejada. Não escondo isso, nem temo dizê-lo. Eu ainda me estava a adaptar a ser mãe da M, o que não foi nada fácil para mim. Como eu costumo dizer, eu estava a namorar a minha bebé e não queria voltar a ser mãe (pelo menos tão cedo). Estava a passar por vários problemas, quer financeiros, laborais, quer pessoais. Foram duros os primeiros meses de M, seguidos de uma gravidez passada metade na cama... Mas há coisas que não se explicam, não se escolhem, e este foi talvez o primeiro grande ensinamento que a C me deu: não se pode achar que se controla o futuro.
Quase milagrosamente (literalmente!) a C apareceu. Estava longe de achar que poderia estar grávida. Ainda estava a amamentar a M e nada havia sequer a desconfiar. Até que no inicio de Setembro, apanhei uma gastroenterite. Sacana da gastro que nunca mais passava... Tinha constantemente temperatura aumentada, sem fazer realmente febre. Sentia-me mal, vomitava. De forma muito descrente sugeri fazer um teste. Ridículo, eu sei! Mas vá se lá saber... Positivo? Mas como? Apanhei um choque tão grande que chorei durante mais de duas semanas. Entrei em negação: eu não quero estar grávida! Não quero bebés pequeninos! Não quero cocós amarelos!! Um enorme sentimento de culpa se apoderou de mim: como é que eu tinha sido capaz de cometer tamanha atrocidade com a minha baby M?! Os meses foram passando e a dor atenuando. Nunca escondi que não desejava a gravidez, mas jamais tiraria um bebé! Não faz parte das minhas convicções! Levei a gravidez de forma despreocupada, às vezes até demais! Tinha tudo muito presente da baby M por isso não me custou tanto a ansiedade própria do estado. Tenho várias lembranças (hoje) engraçadas da gravidez da C, como andar às compras no Continente com contracções de 10 em 10 minutos... Da cara da sra da peixaria que me veio atender "depressa" para eu poder ir ao hospital. Não fui! Sabia que estava a dilatar, mas ela ainda havia de esperar. Também me lembro bem de ir ao GO e ele me dizer que a minha bebé estava a querer nascer. A minha resposta foi pronta e convicta "Não pode ser Dr. Hoje não me dá jeito nenhum porque ainda tenho que ir para o El Corte comprar meias à M". Ele riu-se, eu hoje também. A C não nasceu nesse dia. Fui para casa, tomei o comprimido para atenuarem as contracções. Nasceu no dia seguinte, às 37s e 1d, tudo com calma e programado. Detesto surpresas! Gosto de partos programados!
O nascimento da C foi mágico e zen. Sou uma parideira bem disposta. Lembro-me de mandar umas bocarras durante o parto, de pôr o pessoal todo a rir. Pedi para ligarem o rádio para ouvir a "Mixordia de temáticas"... Não grito, não me descontrolo. Pedi epidural, mas ela nasceu no minuto seguinte, por isso tive a sorte de ter um recobro anestesiado... Pedi que me colocassem a bebé em cima de mim e que ali ficasse, assim que nascesse. Era tão feinha :) Mas mesmo assim bem melhor que a irmã.
Logo depois tive dois duros choques. O primeiro foi a vinda da M para ver a irmã. Não me vou esquecer nunca do ar infeliz da minha filha. Da forma como ela agarrou a sua Minnie e nunca mais a largou durante alguns dias. Foi tão difícil para ela como para mim. Só muito mais tarde comecei a perceber que talvez a vinda da irmã não fosse para ela assim tão mau. Mas o sentimento de culpa? Esse? Esse vai ficar comigo.
Antes da alta veio a noticia. Voltou a vir sem avisar, sem preparação ou cuidado. De inicio parecia que nem tinha sido comigo, mas quando caiu teve um efeito devastador em mim. A minha C não nasceu como os outros bebés, a minha C passou a ser o meu bebé especial. A partir daqui, tudo na minha percepção da vida mudou.
Procuramos tudo: entender, ter respostas. Elas não vêm! Ninguém nos dá respostas, só possibilidades. Agarramos-nos a elas como se não houvesse amanhã, mas as possibilidade são efémeras e rapidamente são substituídas. O meu equilíbrio sempre se baseou no controlo da minha vida, a todos os níveis. Passei a ser uma mulher (des)equilibrada...

Por tudo isto, por amar demais a minha filha (as duas filhas!), no final de um ano de existência o que tenho a dizer é um obrigada!

Obrigada por me teres ensinado que não somos donos do destino e que inesperados acontecem. Mas que esses inesperados não nos devem afectar, mas sim tornar-nos mais fortes, mais humildes, mais conscientes. Obrigada por teres tornado a minha vida muito melhor, a de todos aliás. Obrigada por nos teres escolhido e por me dares a oportunidade de viver experiências e passar novos obstáculos que às vezes pensamos que só acontecem aos outros. Obrigada por me obrigares a viver o dia a dia sem ter a pretensão de garantir ou controlar o amanhã. Não tem sido fácil, é uma luta diária, mas o teu sorriso, a tua alegria e energia ensinam-me que só tenho a agradecer a graça que Deus me deu.
                                                                                                                                                       mãe


PS: Desculpem o timeout, mas estive absolutamente absorvida pelas comemorações. Brevemente no blog.

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