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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Coisas que me transtornam

Não conhecia a pessoa em questão, mas a proximidade espacial traz uma familiaridade estranha. Hoje quando fui levar as meninas ao colégio percebi que estava um ar pesado. Procurei saber o que se passava junto de alguém de confiança.
Engoli em seco. O pai de dois alunos, gêmeos, acabara de morrer, do nada! Uma morte fulminante, inesperada, na rotina normal de uma manhã agitada para o trabalho. Assistida por todos, uma morte demasiado cedo, demasiado novo!
É inevitável projectarmos o acontecimento às nossas vidas. É inevitável questionarmos a nossa efemeriedade. Está tudo bem, é mais um dia agitado, numa rotina inquestionável, em que tudo acaba, tudo desmorona, tudo muda irremediavelmente.
Não posso deixar de me sentir totalmente compadecida com aquela mãe, com aquela mulher. Tenho a certeza de que, como mulher que é, vai conseguir carregar esta pesada tarefa, mas ninguém merece. Ninguém merece ter que enfrentar os olhos perdidos e incompletos destas crianças, ter que chegar a casa e enfrentar o lugar vazio, em todo o lado, por todo o lado. Hoje sou solidária! E vou rezar por ela, pela sua família.
E vou também abraçar muito as minhas filhas, o meu marido, e dizer-lhes simplesmente o quanto os amo. O quanto avassaladoramente os amo! E pensar, pelo menos hoje, o que importa aquela birra, aquele disparate, aquela afronta, aquele atraso...
Amo-vos agora e para sempre!

5 comentários:

  1. Respostas
    1. Não era a intenção. Talvez apenas alertar para tudo o que temos de excelente e não temos sequer tempo para reparar ou dar valor!

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  2. E a mim lembrar-me da vez em que me contaram daquela mãe do colégio,certa manhã, ao estranhar a demora de um dos filhos, de 3 anos, em acordar de manhã, chegou-se ao berço e não havia mais solução. súbito, sem avisar... demorou-me a ultrapassar. E as idas aos quartos dos meus; abrir os ouvidos; escutar a respiração, passaram a ser constantes...até a rotina me devolver à normalidade. Essa rotina em forma de rolo compressor...

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  3. Acho que vou dormir no quarto das meninas hoje...

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  4. Pensar antes nas coisas boas da vida... a pequena esteve febril de há duas noites para cá. Os febrões do costume que passaram rápido. Coisas boas da vida: a meio da noite, porque não me apetecia o colchão do chão, levei-a para a cama.. a meio da noite, duas noites seguidas.. recordo a carinha dela deitada na minha almofada a olhar serenamente para nós e o gosto primário de nos aconchegarmos assim.
    De qualquer forma, hoje voltámos à normalidade. ;P

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