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domingo, 25 de outubro de 2015

O dia em que dopei a minha filha

A minha vida continua um caos. Não me vou alongar muito a este respeito e espero que entendam a minha fraca assiduidade por aqui. É uma fase. Vai passar...

E assim também eu pensava em relação à M. Aliás, penso todos os dias, às vezes todas as horas, várias vezes por minuto... Será próprio da idade? Será ainda a questão da adaptação à escola? Estará com algum problema que não estou a conseguir compreender? Serei eu que lhe estou a passar a minha ansiedade e desespero? Provavelmente será um bom cocktail destas e de outras razões que não me sinto iluminada para discernir. Mas passando as razões ao largo, em termos práticos tenho um problema para resolver!
A M. neste momento faz birras por tudo (e por nada). As mais recorrentes estão indiscutívelmente relacionadas com a roupa a vestir. Mas este é outro post... As birras acontecem de manhã, logo a seguir, à tarde, à noite ou em qualquer outra altura que não dê jeito. Tendem a começar logo ao acordar e conseguem arrastar-se por longoooos minutos que me desesperam, me tiram do sério, me levam a energia. Tenho chegado atrasada a todo o lado, cansada e de mau humor. Eu bem sei que a minha postura deveria ser bem diferente, mas desculpa lá Mundo-todo-que-critica, desculpem lá entendidos em boa educação e mães perfeitas, eu simplesmente não estou a ser capaz!
Bem, a outra altura de festa garantida é a noite. Normalmente começa logo ao sair da escola com um "Pa casa nãoooooo!!!", seguido de "Quelho boácha, duas mamã!", que depois de transforma em "Pó banho nãoooo". Podia continuar, mas acho que já entenderam a ideia. Hora de dormir: piora em todos os sentidos. Começam os disparates patetas, o descontrolo total, o não querer ir para a cama, o não querer o pijama/cuecas/meias ou o que vier à imaginação, os mil e um xixis... As HORAS passam e a paciência também... Em modo pseudo racional deixo-a estar a acalmar-se, ou ralho, ou abraço, ou falo e argumento, ou grito que nem louca, ou fico junto dela, ou desisto e passo a bola... Enfim, já tentei de tudo, e nada parece resultar. Até porque faça o que eu faça, sou sempre eu que sou chamada à boca de cena. Mais ninguém tem permissão para entrar, para ficar, para fazer seja lá o que for. Só a "minha mamã!". O coração (e o resto do corpo todo) ficam divididos, num sentimento de culpa atróz, numa incapacidade de controlar os meus próprios nervos, num chamamento instintivo de uma cria. E assim se cria um ciclo: descontrolo para dormir, adormecer muito depois da hora "prevista", num estado muito diferente do "previsto", com manhãs dificeis de acordar e por isso também elas tempestuosas... Um novo ciclo começa (ou piora) a cada novo serão.
Ontem cheguei ao meu limite! E isso fez-me pensar seriamente que a maior prejudicada nisto tudo é, sem duvida nenhuma, a M. Ela não descansa e está a passar mal com isso. Quanto menos dorme, pior a situação. Então cometi uma daquelas que eu sempre torci o nariz. Daquelas que eu acho que põem qualquer mãe a questionar muita coisa dentro de si. Eu fui à farmácia e dopei a minha filha para ela dormir. Em minha defesa, o produto é "natural", dentro dos "que não fazem mal nenhum, nem criam qualquer dependência", e que até "os pediatras recomendam imenso"...
O que é certo é que eu não quero ver a minha filha no estado em que tem andado. É verdade que também não me quero ver no estado em que EU tenho andado. Mas uma mãe também tem que perceber que há alturas que não consegue mais, e que mais importante que os seus "pressupostos" é o bem estar das crianças, e da familía por consequência.
E agora estarão eventualmente a pensar "E resultou?"
Bem, mais ou menos. Foram 5 gotinhas apenas (eram 4, mas a ultima caiu por engano). Demorou menos a adormecer, se bem que ainda longe do que eu acho "saudável". Mas a C. hoje decidiu boicotar o esquema. Hoje foi ela que fez fita (também tem direito, é certo!), e não deixou a irmã adormecer mais cedo. Mesmo assim notei uma enorme diferença no estado geral da M. Não fez birra, esteve calma, serena, visivelmente mais relaxada, mais receptiva. A noite decorreu muito mais calma, sem zangas ou reprimentas, sem gritos ou choros. E só por isso já valeu muitooo a pena!

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