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terça-feira, 27 de junho de 2017

Os dias das bruxas

Esta vida nova que tem que se lhe diga...
 Se há fases melhorzinhas também há as que se vivem aos tropeções, com a lágrima a ameaçar, sem paciência, de empurrão... São as noites que são curtas, ou cortadas a preceito, é a mama sem descanso e o bebé que chora. Aqueles momentos só nossos que ansiamos às escondidas, aquele revirar de olhos quando o ouvimos (de novo) chorar. E a culpa... a culpa do que se está a sentir!
Mas não só! A praia que começou, as rotinas que mudam. A manhã começa cedo, e encurta o que já é pequeno, começa-se o dia em gritaria, ameaças, correrias. Não há tempo, vamos embora. Não esquecemos o beijinho mas foi rápido, demasiado rápido e sem encenos. Logo compensamos.
E o dia mal começou, a noite nem acabou, e já estamos em stress. É hora de dar de mamar, de arrumar ou tratar de alguma coisa. Conto os dias que estou para "tratar das coisas". Não me lembro da última mensagem que não começa com "desculpe o atraso...". E o dia passa sem darmos conta, e já é hora de as ir buscar. E sinto-me triste! Tenho tantas saudades delas, mas não me apetece... não me apetece o que vem depois! É tão difícil, estou tão cansada...
Vamos, vamos mais cedo porque antevemos como estão cansadas, como precisam que lhes antecipemos as rotinas. Mas elas vêm com demasiada energia, uma energia estranha e descontrolada. E rapidamente estamos de novo a correr, em gritaria, porque não se faz, porque é preciso tomar banho, e vestir, e rápido!, porque devem comer sossegadas, e sem ser com as mãos, e sem dizer coisas patetas nem ser mal criado, e é preciso fazer cocó e lavar os dentes, mas como deve de ser e não à pressa... E isto entre mamadas, entre horas das bruxas... E de repente todas aquelas horas são horas das bruxas!
E ainda falta o dormir. O processo é controlado e já está bem treinado. Fico eu a adormecer porque elas ficam mais calmas... mas o bebé chora, e chora mais ainda! Mas como é possível se ainda há uns dias ele adormecia tão bem!?! E eu tenho que ir, triste e contrariada. Deixo as princesas para trás e oiço as birras, os gritos e a chamarem por mim. E de repente fico irritada com o bebé porque não é justo, porque a culpa é dele, de precisar de mim. Elas também precisam de mim! E depois choro, e culpo-me de ter sequer pensado coisa tão ridícula...
Mas e então as brincadeiras? Essas? Ficaram por brincar. Os risos ficaram por dar. Mas pior, os abraços e miminhos ficaram contidos. Não houve tempo. E agora dormem e não as quero acordar... E volto a sentir-me triste! Gosto tanto deles! Tenho saudades do tempo em que tinha tempo...
Guardo todo o meu amor e carinho para aqueles dias que virão, mais calmos.
Porque sei que vêm... só não sei quando...



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