Páginas

sábado, 11 de fevereiro de 2017

A visita do bebé (perspectiva de uma CAM)

Recebi a visita de um bebé pequenino. Nada de estranho, aparentemente. Vejo bastantes bebés pequeninos, às vezes com poucas horas de vida. Faz parte do "trabalho" de uma CAM (conselheira de aleitamento materno). Mas este bebé foi diferente. Neste eu estava como "a amiga" e não como "a CAM".
Sinceramente, não correu nada bem. Ao fim de 10 minutos de visita eu já tinha cometido algumas das infrações top de quem visita um bebé 🙄🙄 Nada me fazia sentido, já tinha tentado repreender a mãe, e até já tinha cuspido uns quantos autores, estudos e teorias...
Acabei por cair em mim e me controlar. Calei-me e sorri. Não disse mais nada. Mordi-me toda por dentro. E percebi que não consigo ignorar esta minha faceta, mas tenho que a conseguir controlar. Não podemos "ajudar", quem não nos pede ajuda.
E foi assim que pude observar aquela mãe e aquele bebé. Tão longe das "boas práticas" e "recomendações". Tão longe um do outro. A repetirem o que vejo tantas e tantas vezes nos pedidos de ajuda que me chegam.
Fiquei triste! Profundamente triste. Apeteceu-me resgatar aquela mãe, metê-la num quarto escuro e limpar-lhe a alma por magia. Voltar à tábua rasa! Percebi porque não me ouviu, nem uma palavra do que lhe disse quando chegou. A sua cabeça já estava cheia... A sua maternidade mecânica, adulterada e sem sabor. Movida a comentários alheios e relógios, teorias de pacote, faca e alguidar, sem fundamentos nem fundamentação. Tudo isto lhe toldava os sentidos e o bebe ficou por ouvir, por sentir. Tenho muita pena pelos dois. Têm tudo para dar certo, mas tudo já se meteu no caminho. E eu? Eu fui apenas mais uma a despejar no copo cheio.
Ficou contida a vontade de lhe dizer que não tem que ser assim! Que tudo é mágico, pode ser mágico quando não ouvimos nada para além do nosso bebé. E então aninhei-me. E vou tentar esquecer porque me dói, porque sofro sempre quando enquanto CAM e mãe não ofereço essa magia...

Sem comentários:

Enviar um comentário